sábado, 22 de julho de 2017

Eno Teodoro Wanke - Mestre Líder * Antonio Cabral Filho - RJ



"QUEM FOI ENO THEODORO WANKE?



Filemon F. Martins



ENO THEODORO WANKE (1929-2001) nasceu em Ponta Grossa, Paraná, a 23 de junho de 1929. Filho de Ernesto Francisco Wanke e de Lucilla Klüppel Wanke. Aprendeu as primeiras letras na Escola Evangélica Alemã, de sua cidade natal. Quando a escola foi fechada em razão do advento do Estado Novo, o futuro escritor foi transferido para o Liceu dos Campos, cuja proprietária era a educadora Judith Silveira, hoje nome de rua na cidade.
Estudou também no Colégio Regente Feijó, de Ponta Grossa, no Colégio Santa Cruz, da cidade de Castro, PR, onde completou o ginásio. Em 1948, transferiu-se para Curitiba, PR, onde terminou o científico no Colégio Iguaçu e em 1949, após vestibular, entrou para a Escola de Engenharia Civil da Universidade do Paraná, formando-se em 1953. Trabalhou na Prefeitura de Ponta Grossa (1954-1955). Atuou como fiscal de construção de uma linha de alta tensão elétrica em Curitiba, da Companhia Força e Luz do Paraná.
Em 1957 ingressou, por concurso, no curso de Refinação de Petróleo, da Petrobrás, no Rio, passando a trabalhar em 1958 na Refinaria Presidente Bernardes de Cubatão, SP, residindo em Santos, onde viveu onze anos. A partir de 1969 passou a residir no Rio de Janeiro, onde fez carreira dentro da Empresa.
Começou a escrever desde os doze anos. Poeta, Trovador, Contista, Cronista, Biógrafo, Ensaísta, Historiador, Fabulista e Prefaciador, entre outros. Como sonetista de primeira, obteve com o soneto APELO, 160 versões para 95 idiomas e dialetos. É o soneto em português mais traduzido para idiomas estrangeiros: “Eu venho da lição dos tempos idos/e vejo a guerra no horizonte armada. /Será que os homens bons não fazem nada? /Será que não me prestarão ouvidos? Eu vejo a Humanidade manejada/em prol dos interesses corrompidos. /É mister acabar com esta espada/suspensa sobre os lares oprimidos! É preciso ganhar maturidade/no fomento da paz e da verdade, /na supressão do mal e da loucura... Que a estrutura econômica da guerra/se faça em pó! E que reinem sobre a terra/os frutos do trabalho e da fartura!”.
Como trovador, escreveu trovas magníficas e inesquecíveis, como estas, entre outras: “Senhor! Que eu pratique o bem/ separe o joio do trigo, / e tenha força também/ de amar o irmão inimigo.” “Na praia deserta, eu penso/ que a imagem da solidão/ começa no mar imenso e finda em meu coração.” “Quem vai ao mar deitar rede/ que tome cuidado, tome!/ o mar nunca teve sede,/ mas nunca vi tanta fome!” “Seguindo a trilha infinita/ do meu destino estrelado,/ eu sou aquele que habita/ a ilusão de ser amado.” “O meu destino se encerra/ num grave e eterno conflito:/ - meu corpo é feito de terra, - meu coração, de infinito.”
A obra de Eno Theodoro Wanke é extensa e variada. Eis as principais: “NAS MINHAS HORAS” (poesia, 1953), “MICROTROVAS” (1961), “OS HOMENS DO PLANETA AZUL” (sonetos, 1965), “OS CAMPOS DO NUNCA MAIS” (poesia, 1967), “VIA DOLOROSA” (sonetos religiosos, 1972), “A TROVA” (estudo, 1973), “A TROVA POPULAR” (estudo, 1974), “A TROVA LITERÁRIA” (estudo, 1976), “REFLEXÕES MAROTINHAS” (pensamentos humorísticos, 1981), “VIDA E LUTA DO TROVADO RODOLFO CAVALCANTE” (biografia, 1982), “A CARPINTARIA DO VERSO” (didática da metrificação, 1982, 1989, 1990 e 1994), “DE ROSAS & DE LÍRIOS” (minicontos, 1987), “O ACENDEDOR DE SONETOS” (líricos, 1991), “ALMA DO SÉCULO” (sonetos, 1991), “FÁBULAS” (1993), “ADELMAR TAVARES, UM TROVADOR AO LUAR” (biografia, 1997), “ANTOLOGIA DE SONETOS SOBRE A TROVA” (1998), “CONTOS BEM-HUMORADOS” (1998), “FARIS MICHAELE, O TAPEJARA” (biografia, 1999), “ELUCIDÁRIO MÉTRICO” (metrificação, 2000) e “APARÍCIO FERNANDES, TROVADOR E ANTOLOGISTA” (biografia, 2000).
O escritor transitou do CLÁSSICO ao MODERNISMO com elegância e competência, passando pelo lirismo, romantismo, parnasianismo, às vezes até irreverente como no caso de “NESTE LUGAR SOLITÁRIO” (a trova em grafitos de banheiro, 1988) e “ANTOLOGIA DA TROVA ESCABROSA” (1989), aderindo, de forma brilhante ao TROVISMO, desde o seu primeiro momento, em 1950, tornando-se um dos maiores propagadores e historiadores do Movimento da Trova Brasileira.
ENO THEODORO WANKE foi um escritor exuberante, multiforme e polivalente. Alguns CLECS (pensamentos humorísticos) de ENO, selecionados por ELMAR JOENCK, publicados em 1998: “Quando um adjetivo mente, ele, por castigo, vira advérbio. Folha que se desprende da árvore não volta nunca mais. Melhor perder o trem do que perder a linha. O sol nasce para todos. Mas a maioria prefere dormir um pouco mais. Um tolo inteligente não fala, que é para não revelar sua condição”. Organizou e participou ao lado do Trovador Clério José Borges de Sant’Anna, dos Seminários Nacionais da Trova, no Estado do Espírito Santo, organizados pelo CLUBE DOS TROVADORES CAPIXABAS, de 1981 a 1999. Recebeu o título de Cidadão Espírito-santense, conferido pela Assembléia Legislativa do Estado do Espírito Santo. Faleceu a 28 de maio de 2001, deixando livros e livrotes que ultrapassam 1000 títulos.
Está presente em várias obras de Aparício Fernandes, entre outras: “NOSSAS TROVAS”, 1973; “NOSSOS POETAS”, 1974; “POETAS DO BRASIL”, 1975; “ANUÁRIO DE POETAS DO BRASIL”, 1976, 1977, 1978, 1979, 1980 e 1981; “NOSSA MENSAGEM”, 1977; “ESCRITORES DO BRASIL”, 1979, 1980. Participou também das “COLETÂNEAS DE TROVAS BRASILEIRAS”, organizadas pelo Trovador Fernandes Vianna, Recife, PE. Verbete de inúmeras obras literárias, entre outras: ENCICLOPÉDIA DE LITERATURA BRASILEIRA, de Afrânio Coutinho e J. Galante de Sousa, edição do MEC, 1990, edição revista e atualizada por Graça Coutinho e Rita Moutinho Botelho, em 2001.




BIBLIOGRAFIA:
À Sombra dos Versos em Flor/Poesia Completa/vol. 1 – Eno Theodoro Wanke – Edições Plaquette – RJ – 2000.
Anuário de Poetas do Brasil/vol. 1 – Aparício Fernandes – Folha Carioca Editora Ltda. RJ – 1980.
Clecs de Eno Theodoro Wanke, selecionados por Elmar Joenck – Edições Plaquette – RJ – 1998.
Enciclopédia de Literatura Brasileira – Afrânio Coutinho, Fundação de Assistência ao Estudante - MEC, RJ - 1990.



filemon.martins@uol.com.br
filemonmartins@bol.com.br "



ENO TEODORO WANKE

Eno Teodoro Wanke, sua
vida, sua obra.
Biografia de Eno Teodoro Wanke,
por Therezinha Radetic
Editora CODPOE
Rio de Janeiro 1980
&
Antologia de Sonetos
Sobre a Trova
Eno Teodoro Wanke
Edições Plaquete
Rio de Janeiro 1998
&
O TROVISMO
Primeiro Movimento Literário
Genuinamento Brasileiro
Eno teodoro Wanke,
Cia Brasileira de Artes Gráficas
Rio de Janeiro 1978
&
NÓS,
OS TROVADORES
Eno Teodoro Wanke,
EDitora CODPOE
Rio de Janeiro 1991
&
Neste Lugar Solitário
Eno Teodoro Wanke
Editora CODPOE
Rio de Janeiro 1988
&
A Trova Literária
 Eno Teodoro Wanke
Folha Carioca Editora
Rio de Janeiro 1976
*
Encontrei dois recortes de jornal ao acaso na internet com trovas de Eno Teodoro Wanke e diversos outros:



**
Reuni aqui algumas obras de Eno Teodoro Wanke com o objetivo de dar uma amostra da produção desse mestre. Abaixo seguem alguns links para um pouco de conhecimento da grandiosidade desse líder inconteste do Movimento Trovadorístico Brasileiro. 
Falando de Trovas
http://falandodetrova.com.br/mag2_enowanke 
&
Projeto ELMCIP
https://elmcip.net/person/eno-teodoro-wanke 
&
Usina de Letras
http://www.usinadeletras.com.br/exibelotexto.php?cod=7644&cat=Ensaios&vinda=S
*

segunda-feira, 10 de julho de 2017

Maria Nascimento/Elton Carvalho * Antonio Cabral Filho - RJ

Élton Carvalho





*
Élton Carvalho

"Élton Carvalho nasceu em Vila Isabel, no Rio de Janeiro, no dia 29 de agosto de 1916. Casou-se com a Trovadora Maria Nascimento Santos Carvalho em 29 de julho de 1969, com quem viveu até a morte.
 Iniciou sua carreira militar na Arma de Infantaria do Exército Brasileiro e, graças aos seus esforços e dedicação, pode encerrar a carreira como General-de-Divisão, depois de permanecer na ativa por mais de quatro décadas. Exerceu por muitos anos, a função de Professor Catedrático de Filosofia, no Colégio Militar. 
A partir de 1970, ingressou, como Professor, na Escola Superior de Guerra, tendo realizado mais de 100 Conferências em todo o território nacional. Em 1983, Élton reformou-se.
Filiado à UBT - Rio de Janeiro, detinha o título de "Magnífico Trovador" em Nova Friburgo, sendo um nome conhecidíssimo no movimento trovadoresco, principalmente por seus livros de humor. Faleceu no Rio de Janeiro, em 03 de março de 1994.
Obras:
Mestre na difícil modalidade trovas humorísticas, Élton produziu dois livros exclusivamente com trovas de humor: "Sogra, Coroa, Bebida e outras bombas" (1974) com 200 trovas e "Sogra & Outras Piadas" ( 1993 ) com 250 trabalhos. Além disso, publicou também: "Instantâneos" (1973), com 200 trovas líricas e filosóficas; "Ciranda de Sonhos" (1979), com 200 trovas líricas e filosóficas; "Aquarelas"(1981) com 500 trovas líricas e filosóficas; "Rosas na Pedra" ( 1984 ) com 40  poemas e 25 sonetos. E um mini romance: "A História do Sapateiro". Deixou inéditos vários livros. "
Neste ano de 2017 Élton Carvalho completa 101 anos de nascido e dado a humildade dos meus recursos, tudo que posso fazer para homenagear este vate da trova brasileira é transcrever aqui a seleção de trovas do seu imenso manancial feita por sua estimada esposa Maria Nascimento para que nossos amigos leitores possam conhecer um pouquinho de sua verve:

Vem, palhaço, sem tardança,
com teus trejeitos, teus chistes, 
e acorda a alegre criança
que dorme nos homens tristes...
*
Jamais estrelas persiga
quem não alcança a amplidão,
que o mérito da formiga
é achar migalhas no chão.
*
Minha sogra não reclama
do bom trato que lhe dou.
Até de filho me chama
- Só não diz que filho eu sou.
*
Fazer biquíni ela sabe,
mas o próprio faz tão mini
que eu não sei como é que cabe
tudo "aquilo" no biquíni...
*
Em que infinito se esconde
esse Deus tão grande assim?
E minha fé me responde:
- Não se esconde. Mora em mim!
*
Deus, num requinte de zelos,
em milagroso improviso,
pôs a noite em teus cabelos,
e a aurora no teu sorriso.
*
Angústia é mágoa, é desgosto
que transparece no olhar
e mostra o pranto no rosto
dos que não sabem chorar.
*
Dá-me outro inferno ao morrer,
mas não me curvo a Teus pés...
Se não me deixaste ver,
não quero ver  quem Tu és!
*
Ele enrolava, enrolava,
e a enrolação era tanta
que, às vezes, quando falava
sentia um nó na garganta.
*
Pelos abismos profundos,
nos confins da Terra imensa,
no mais distante dos mundos,
DEUS é a infinita presença!
*
A ventura, às vezes, mente:
promete que vem, insiste,
e marca encontro com a gente
na esquina que não existe!...
*
Se há casa comercial
que engana o freguês à beça,
a drogaria é legal:
vende "drogas" mas confessa.
*
Porque a verdade transpira
e nos mostra a realidade,
jamais o véu da mentira
esconde a luz da verdade!
*
Doces visões do passado:
meu pai, irmãos, minha irmã e
- e aquele jeito encantado
de tudo de minha mãe!
*
Subindo o morro cansado,
quase pedindo socorro,
foi que eu vi porque é chamado
aquele troço de...MORRO!
*
Para fugir às rotinas,
na esperança de mudar,
cansei de dobrar esquinas
e dar no mesmo lugar.
*
De barro, Deus fez o homem,
da costela, uma mulher.
- E as sogras, que nos consomem,
fez de um espeto qualquer...
*
Trocador... Triste ironia,
não troca o que lhe convém:
se trocasse, então, iria
trocar a vida que tem....
*
Num milagroso improviso,
com seu divino pincel,
Deus pintou o paraiso
quando fez Vila Izabel!
*
Num cego, as palavras boas
calam bem mais do que em nós,
que o cego julga as pessoas
pelo que mostram na voz...
*
Genro é minha distração,
que pena ter dez, somente.
Eu queria uma porção:
genro distrai tanto a gente...
*
Conservando a imagem bela
de um amor que não se esquece,
a saudade é uma aquarela
que nem o tempo esmaece...
*
A proveta não gerou,
e um doutor meio zureta
fez exame e constatou:
menopausa... de proveta!
*
Na solidão que me arrasa,
órfão de amor e carinho,
enchi de espelhos a casa
pra não me sentir sozinho.
*
Zé, que faz a comida,
lava a roupa, se arrebenta,
diz: não aguento esta vida!
E a sogra, rindo, diz: GUENTA...
*
Servir tem sido o meu fado:
já balizei tantas rotas
e, hoje, farol apagado,
sirvo de pouso às gaivotas...
*
Só num trabalho fecundo,
semeando amor, poderemos
construir um novo mundo
melhor que o mundo que temos!
*
A esperança, como a vaga,
insistente, não se cansa:
se uma esperança se apaga,
se acende nova esperança!
*
Coitadinha, está zureta
e anda triste por aí...
deu um grilo na proveta
e o bebê só faz cri-cri!
*
Sentem os rudes e os sábios
- menos os pobres ateus - 
que a prece é a alma nos lábios
quando se fala com Deus.
*
Não me agradeças, amigo,
porque te auxilio assim...
Apenas faço contigo
o que farias por mim!
*
É triste vê-las, meninas,
restos de infância na face,
vendendo amor nas esquinas,
como se amor se comprasse...
*
Fui pescar com meu vizinho,
mas, logo que pus a vara,
veio um cavalo marinho,
me deu um coice... na cara!
*
A sorte, como as rendeiras,
tem seu labor persistente,
com suas mãos feiticeiras,
tece o Destino da gente...
*
Diz o velho, com ternura,
depois de um beijo que espoca:
- meu bem, minha dentadura
não ficou na sua boca?
*
Do cortejo pequenino,
da pracinha e o chafariz,
restam restos de um menino
que sonhava ser feliz...
*
Na hora da confusão
minha sogra é sempre assim:
nem sabe quem tem razão
solta os cachorros em mim!
*
Quem perdeu amor recente
e se recente de amor,
se apega à cinza mais quente,
porque sente algum calor...
*
Solidão - a alma embotada
velando a própria agonia.
Uma cadeira ocupada
ao lado de outra vazia...
*
Levando a esperança ao mundo,
ao sair da Santa Sé,
tornou-se Paulo Segundo
o Peregrino da Fé!
*
A mulher do cabra tem
apelido de "jangada"
porque ela, às vezes, não vem,
ou volta ... de madrugada.
*
Socorre, irmão, no caminho,
teu irmão que nada tem...
Não existe irmão sozinho:
todo irmão é irmão de alguém!
*
Tu sempre estavas PREsente
e AUsente, querida, estás,
- UMA SÍLABA somente
que diferença que faz!
*
Seguindo um rumo impreciso
que o nosso destino tece,
cada dia é um improviso
que a vida nos oferece.
*
Fui ver a fonte falada
que jorra no pé do monte,
e, ao ver você debruçada,
vi tudo ... e não vi a fonte!
*

segunda-feira, 3 de julho de 2017

Angélica Villela Santos - Trovadora * Antonio Cabral Filho - RJ

Angélica Maria Villela Rebello Santos
Trovadora
https://singrandohorizontes.blogspot.com.br/2017/06/angelica-villela-santos-1935-2017.html
&
Durante os anos 2008 a 2010, eu e a Trovadora Angélica Villela travamos contatos literários, trocando publicações e divulgando atividades acadêmicas.
Aqui desejamos expressar nossa humilde homenagem a ela devido ao seu desenlace, divulgando suas obras publicadas nos boletins da UBT Taubaté  e da ATL:
 Trovas homenageando a Dra. Judith, por ocasião de sua candidatura a vereança:

À Judith, trovadora,
nosso voto vamos dar
pra de novo a vereadora
Taubaté beneficiar.

Asfalto, Praça da Eletro...
a Judith deixa prova:
foi dela aquele Projeto,
os mais, não cabem na trova...

Eleitor de Taubaté:
quando votar, não hesite;
marque com firmeza e fé
o nome certo: Judith.
 VOVÓ - Crônica

Minha avó materna sempre foi muito brincalhona e fazia sucesso entre os familiares e conhecidos, ao contar, com muita graça, vários fatos ocorridos quando era moça e mesmo depois, já idosa.

Cheguei a presenciar um deles, quando, ao invés de lamentar e procurar resolver a situação, caí numa gostosa gargalhada, sendo seguida pelo outro personagem da história, que deixou o local sem mais nada reclamar e ainda deixando seu endereço para ressarcir os prejuízos de vovó.

Ela, nessa ocasião, contava já com seus setenta e cinco anos bem vividos, era lúcida, esperta, arrumava-se muito bem, sempre de acordo com a última moda e ainda dirigia seu fusquinha 68 - com mais de trinta anos de uso, mas cobiçado por muita gente, pois ela o trazia sempre reluzente e com todas as peças originais em perfeito  funcionamento.

Saímos, certa tarde, para ir ao supermercado, e numa das esquinas da cidade, onde o semáforo não estava funcionando, vovó diminuiu a marcha, olhou de ambos os lados, eu fiz o mesmo - e atravessou.

Eu só percebi um vulto escuro e grande, chocando-se no paralama traseiro do nosso carro, do lado do passageiro. O susto foi grande, pois não tínhamos visto nenhum veículo vindo daquela direção. Até hoje, não sei de onde ele surgiu. Deixamos imediatamente o carro, para enfrentar um furioso rapaz, alto e musculoso, que gritava: Ô moça, você é cega? Olhe o estrago que fez no meu carro!

Eu já me preparava para defender vovó, quando ela, alto e bom som, respondeu, agitando os braços e demonstrando muita raiva: Cego é você, que me chamou de môça...!!!

 Letra do Hino da ATL
aprovado em concurso 

I
Academia, tu és majestosa,
foste plantada num solo de fé.
Tu és das letras a guardiã zelosa,
orgulho és da nossa Taubaté.

Estribilho
Academia Taubateana,
a arte da palavra representas.
De ti muito saber emana,
dando viço à cultura, que ostentas.

II
Velando o berço onde nasceu Lobato
e tantos escritores de nomeada,
prossegues,exaltando o literato,
que a ti acorre em sua caminhada.

Estribilho

III
Num hino de louvor quero saudar-te,
enaltecendo  teu valor social.
Das belas letras és o baluarte,
da nossa língua, suporte essencial.

Estribilho

 Haiti - Aqui Estamos
- Soneto -
Treme a Terra na América Central.
E do Haiti ouvimos os gemidos,
pedidos de socorro, é brutal
a triste situação dos atingidos.

Logo, porém, o Exército aparece:
soldados brasileiros em missão,
que, com amor, que pelo irmão prevalece,
arriscam suas vidas, em doação.

Levando seu apelo a todo o mundo,
procuram minorar a situação,
demonstram senso de dever profundo.

E nós todos nos solidarizamos,
mãos estendidas, uma só nação,
vamos dizendo: Haiti, aqui estamos!
 Amigo - Trovas

Quantas vezes sem abrigo,
ao sabor da frustração,
encontrei num bom amigo
um porto de salvação.

Ante o fragor da tormenta,
desnorteado, sem abrigo,
confia o que te apoquenta
ao coração de um amigo.

Nos embates desta vida,
quando a aflição nos encara,
do amigo, a mão estendida
é a força que nos ampara.

É amigo verdadeiro,
joia de grande valor,
quem partilha, prazenteiro,
o amor, a alegria, a dor.
 É num cenário perfeito,
tons dourados se espalhando,
que a serra oferece o leito
ao sol que se vai deitando...
 Trovas Homenagens ao
Capitão Assis

Homenagem

Na grandeza desta obra,
que chegou ao centenário,
um grande amor, que há de sobra,
se apresenta no cenário.

Conselho

As palavras - tem cuidado! -
devem ser bem escolhidas.
Se espalham amor de um lado
de outro podem lesar vidas.

Para a Dra. Tereza
( Tereza Freire Veira )

Faz anos hoje a escritora,
que das demais é a rainha!
Desejo a você, doutora,
só rosas onde caminha.

 Trovas Sobre os Boletins

Esses nossos boletins,
que trazem trovas preciosas,
vão colimando seus fins,
num caminho só de rosas.
 Trovas destacadas no Concurso de Maranguape- CE, em 2008:
Tema Saudade

Vai-se o dia, vem a noite
e a min'alma não descansa,
pois a saudade é um açoite,
brandido pela lembrança.

O velho sonho que habita
lá longe, em névoas da idade,
junto à saudade acredita
viver sua mocidade.

Tema Amizade

Quanta vez, em tempestade,
no revolto mar da vida,
eu encontrei na amizade
firme porto de acolhida.

Na criação deste mundo,
em tudo pondo bondade,
faltava um laço profundo:
e Deus criou a amizade!

Tema Boca - Humor

Iria casar-se, enfim!
Mas, quando a boca ela abriu
na solene hora do "sim",
a dentadura caiu!...

O plenário ele inflamou
ao discursar no senado;
mas a boca não fechou,
até ser "recompensado"...

&
Natal

É seguindo a estrela-guia
da justiça e caridade,
que encontraremos um dia
nosso Natal de verdade.
 Trovas destacadas em concurso interno, 2008
Tema Cigarra

Qual cigarra no verão
que ao ar enche com seu canto,
vais, trovador, com paixão,
enchendo as almas de encanto!

Tema Trigo

Na paisagem loura e bela,
que alegra meu coração,
o trigo, nesta aquarela,
traz a promessa do pão.

Tema Folclore

O folclore brasileiro
em Taubaté fez morada;
pode ser visto o ano inteiro
lá na Rua Imaculada.

Tema Anonimato - Humor

No anonimato ele estava,
mas fez enorme escarcéu,
quando a "beata" que apalpava,
resolveu tirar o véu...!!!

Outras...

Na agenda da minha vida,
marco as datas importantes,
que em meu peito dei guarida,
de gente no anonimato...

&
Vive o mundo em que vivemos
gemendo, pedindo paz;
mas a resposta que temos
mais sofrimento nos traz.
 Abre-se o chão e recebe
as sementes do plantio
e fertilmente concebe
frutos no colo macio.

A palavra é importante
para a comunicação;
mas veja se ela garante
muita compreensão e união.
*

domingo, 2 de julho de 2017

Teresita Fernández Garcia - Cuba * Antonio Cabral Filho - RJ

*Teresita Fernández Garcia*
Cuba

TERESITA FERNÁNDEZ GARCIA,
veio parar entre nós graças ao concurso literário da Organização Mundial de Trovadores, delegacia cubana, que estabeleceu uma homenagem a ela nesta edição de 2017.

Nasceu em Santa Clara, 20 de dezembro de 1930 - Havana e faleceu a 11 de novembro de 2013,  foi uma trovadora, narradora e pedagoga, conhecida como a cantora maior por ser a cantautora mais destacada na criação musical para meninos cubanos de várias gerações. Muitas de suas composições constituem hinos ao amor e à cubanía. Sua formação começa em seu lar. Começou a cantar desde os quatro anos na emissora radial santaclareña. Tem contribuído com letra e música ao acervo musical cubano. Suas criações reúnem sonoridades de antigas baladas e do folclore camponês, entre as que não faltam musicalizaciones de textos de José Martí ou Gabriela Mistral.

No panorama da canção para meninos de Latinoamérica, ela completa um triângulo de grandes maestros, cujos outros vértices são o mexicano Francisco Gabilondo Soler e a argentina María Elena Walsh.

Sua obra abarca a canção infantil e um rico repertório que se inspira na pátria cubana, na natureza, no amor, e que se apoia na musica de obras paradigmáticas de autores latinoamericanos como as Rodadas, de Gabriela Mistral ou o Ismaelillo, de José Martí.   

Conheça melhor a sua obra
https://www.cibercuba.com/bio/artista/teresita-fernandez