"QUEM FOI ENO THEODORO WANKE?
Filemon F. Martins
ENO THEODORO WANKE (1929-2001) nasceu em Ponta Grossa, Paraná, a 23 de junho de 1929. Filho de Ernesto Francisco Wanke e de Lucilla Klüppel Wanke. Aprendeu as primeiras letras na Escola Evangélica Alemã, de sua cidade natal. Quando a escola foi fechada em razão do advento do Estado Novo, o futuro escritor foi transferido para o Liceu dos Campos, cuja proprietária era a educadora Judith Silveira, hoje nome de rua na cidade.
Estudou também no Colégio Regente Feijó, de Ponta Grossa, no Colégio Santa Cruz, da cidade de Castro, PR, onde completou o ginásio. Em 1948, transferiu-se para Curitiba, PR, onde terminou o científico no Colégio Iguaçu e em 1949, após vestibular, entrou para a Escola de Engenharia Civil da Universidade do Paraná, formando-se em 1953. Trabalhou na Prefeitura de Ponta Grossa (1954-1955). Atuou como fiscal de construção de uma linha de alta tensão elétrica em Curitiba, da Companhia Força e Luz do Paraná.
Em 1957 ingressou, por concurso, no curso de Refinação de Petróleo, da Petrobrás, no Rio, passando a trabalhar em 1958 na Refinaria Presidente Bernardes de Cubatão, SP, residindo em Santos, onde viveu onze anos. A partir de 1969 passou a residir no Rio de Janeiro, onde fez carreira dentro da Empresa.
Começou a escrever desde os doze anos. Poeta, Trovador, Contista, Cronista, Biógrafo, Ensaísta, Historiador, Fabulista e Prefaciador, entre outros. Como sonetista de primeira, obteve com o soneto APELO, 160 versões para 95 idiomas e dialetos. É o soneto em português mais traduzido para idiomas estrangeiros: “Eu venho da lição dos tempos idos/e vejo a guerra no horizonte armada. /Será que os homens bons não fazem nada? /Será que não me prestarão ouvidos? Eu vejo a Humanidade manejada/em prol dos interesses corrompidos. /É mister acabar com esta espada/suspensa sobre os lares oprimidos! É preciso ganhar maturidade/no fomento da paz e da verdade, /na supressão do mal e da loucura... Que a estrutura econômica da guerra/se faça em pó! E que reinem sobre a terra/os frutos do trabalho e da fartura!”.
Como trovador, escreveu trovas magníficas e inesquecíveis, como estas, entre outras: “Senhor! Que eu pratique o bem/ separe o joio do trigo, / e tenha força também/ de amar o irmão inimigo.” “Na praia deserta, eu penso/ que a imagem da solidão/ começa no mar imenso e finda em meu coração.” “Quem vai ao mar deitar rede/ que tome cuidado, tome!/ o mar nunca teve sede,/ mas nunca vi tanta fome!” “Seguindo a trilha infinita/ do meu destino estrelado,/ eu sou aquele que habita/ a ilusão de ser amado.” “O meu destino se encerra/ num grave e eterno conflito:/ - meu corpo é feito de terra, - meu coração, de infinito.”
A obra de Eno Theodoro Wanke é extensa e variada. Eis as principais: “NAS MINHAS HORAS” (poesia, 1953), “MICROTROVAS” (1961), “OS HOMENS DO PLANETA AZUL” (sonetos, 1965), “OS CAMPOS DO NUNCA MAIS” (poesia, 1967), “VIA DOLOROSA” (sonetos religiosos, 1972), “A TROVA” (estudo, 1973), “A TROVA POPULAR” (estudo, 1974), “A TROVA LITERÁRIA” (estudo, 1976), “REFLEXÕES MAROTINHAS” (pensamentos humorísticos, 1981), “VIDA E LUTA DO TROVADO RODOLFO CAVALCANTE” (biografia, 1982), “A CARPINTARIA DO VERSO” (didática da metrificação, 1982, 1989, 1990 e 1994), “DE ROSAS & DE LÍRIOS” (minicontos, 1987), “O ACENDEDOR DE SONETOS” (líricos, 1991), “ALMA DO SÉCULO” (sonetos, 1991), “FÁBULAS” (1993), “ADELMAR TAVARES, UM TROVADOR AO LUAR” (biografia, 1997), “ANTOLOGIA DE SONETOS SOBRE A TROVA” (1998), “CONTOS BEM-HUMORADOS” (1998), “FARIS MICHAELE, O TAPEJARA” (biografia, 1999), “ELUCIDÁRIO MÉTRICO” (metrificação, 2000) e “APARÍCIO FERNANDES, TROVADOR E ANTOLOGISTA” (biografia, 2000).
O escritor transitou do CLÁSSICO ao MODERNISMO com elegância e competência, passando pelo lirismo, romantismo, parnasianismo, às vezes até irreverente como no caso de “NESTE LUGAR SOLITÁRIO” (a trova em grafitos de banheiro, 1988) e “ANTOLOGIA DA TROVA ESCABROSA” (1989), aderindo, de forma brilhante ao TROVISMO, desde o seu primeiro momento, em 1950, tornando-se um dos maiores propagadores e historiadores do Movimento da Trova Brasileira.
ENO THEODORO WANKE foi um escritor exuberante, multiforme e polivalente. Alguns CLECS (pensamentos humorísticos) de ENO, selecionados por ELMAR JOENCK, publicados em 1998: “Quando um adjetivo mente, ele, por castigo, vira advérbio. Folha que se desprende da árvore não volta nunca mais. Melhor perder o trem do que perder a linha. O sol nasce para todos. Mas a maioria prefere dormir um pouco mais. Um tolo inteligente não fala, que é para não revelar sua condição”. Organizou e participou ao lado do Trovador Clério José Borges de Sant’Anna, dos Seminários Nacionais da Trova, no Estado do Espírito Santo, organizados pelo CLUBE DOS TROVADORES CAPIXABAS, de 1981 a 1999. Recebeu o título de Cidadão Espírito-santense, conferido pela Assembléia Legislativa do Estado do Espírito Santo. Faleceu a 28 de maio de 2001, deixando livros e livrotes que ultrapassam 1000 títulos.
Está presente em várias obras de Aparício Fernandes, entre outras: “NOSSAS TROVAS”, 1973; “NOSSOS POETAS”, 1974; “POETAS DO BRASIL”, 1975; “ANUÁRIO DE POETAS DO BRASIL”, 1976, 1977, 1978, 1979, 1980 e 1981; “NOSSA MENSAGEM”, 1977; “ESCRITORES DO BRASIL”, 1979, 1980. Participou também das “COLETÂNEAS DE TROVAS BRASILEIRAS”, organizadas pelo Trovador Fernandes Vianna, Recife, PE. Verbete de inúmeras obras literárias, entre outras: ENCICLOPÉDIA DE LITERATURA BRASILEIRA, de Afrânio Coutinho e J. Galante de Sousa, edição do MEC, 1990, edição revista e atualizada por Graça Coutinho e Rita Moutinho Botelho, em 2001.
BIBLIOGRAFIA:
À Sombra dos Versos em Flor/Poesia Completa/vol. 1 – Eno Theodoro Wanke – Edições Plaquette – RJ – 2000.
Anuário de Poetas do Brasil/vol. 1 – Aparício Fernandes – Folha Carioca Editora Ltda. RJ – 1980.
Clecs de Eno Theodoro Wanke, selecionados por Elmar Joenck – Edições Plaquette – RJ – 1998.
Enciclopédia de Literatura Brasileira – Afrânio Coutinho, Fundação de Assistência ao Estudante - MEC, RJ - 1990.
filemon.martins@uol.com.br
filemonmartins@bol.com.br "
Eno Teodoro Wanke, sua
vida, sua obra.
Biografia de Eno Teodoro Wanke,
por Therezinha Radetic
Editora CODPOE
Rio de Janeiro 1980
&
Antologia de Sonetos
Sobre a Trova
Eno Teodoro Wanke
Edições Plaquete
Rio de Janeiro 1998
&
O TROVISMO
Primeiro Movimento Literário
Genuinamento Brasileiro
Eno teodoro Wanke,
Cia Brasileira de Artes Gráficas
Rio de Janeiro 1978
&
NÓS,
OS TROVADORES
Eno Teodoro Wanke,
EDitora CODPOE
Rio de Janeiro 1991
&
Neste Lugar Solitário
Eno Teodoro Wanke
Editora CODPOE
Rio de Janeiro 1988
&
A Trova Literária
Eno Teodoro Wanke
Folha Carioca Editora
Rio de Janeiro 1976
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Encontrei dois recortes de jornal ao acaso na internet com trovas de Eno Teodoro Wanke e diversos outros:
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Reuni aqui algumas obras de Eno Teodoro Wanke com o objetivo de dar uma amostra da produção desse mestre. Abaixo seguem alguns links para um pouco de conhecimento da grandiosidade desse líder inconteste do Movimento Trovadorístico Brasileiro.
Falando de Trovas
http://falandodetrova.com.br/mag2_enowanke
&
Projeto ELMCIP
https://elmcip.net/person/eno-teodoro-wanke
&
Usina de Letras
http://www.usinadeletras.com.br/exibelotexto.php?cod=7644&cat=Ensaios&vinda=S
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